- Fugitiva
Acordei coberta de pólen despida de ideias toco tudo que me escapa: vento flor tempo e nuvem.
- Narcisos
É um ar de primavera, esse que desliza pela noite pelo tempo pela nuca é um cheiro de vento de flor um verde que se põe cor um dia que se faz vida. É um “seja” urgente uma nota contente uma rima em janela aberta (diria até, piegas e recorrente, de veia aberta) mas é […]
- Terceiro ato
Len t a ment e chega pelas mãos o salgado cheiro de ondas quebradas na cadência da queda na ardência da pele na fluência da língua na confluência da nuca na insuficiência da boca Sopro noturno em cortinas devassas roupas e restos copos e fomes fomes e corpos no ápice do acorde a corda tesa […]
- Oceano
A primeira gota, foi suor lento e denso deserto entre nós. A segunda lágrima, sal e sol saudade de verão, quando ainda nem era inverno. Uma e outra mais, umidade brotando de paredes espelhos esperas, lençóis. E mais e mais, gota a gota água chuva céu noite assim trovejando lavando o suor o sal o […]
- Entre as páginas do teu corpo
No verso com cheiro de limões, espalho ardentes pensamentos, verdes ainda nesse verão outonal: estranho, vermelho, seco. Ao sol o verso ainda cru entre os dedos, feito sexo recém acordado, fica aqui cada vez mais dentro, cada vez mais, esse verso verde cru entre as pernas.
- O primeiro sopro de outono com cheiro de inverno
Era das costas que soprava aquele vento, ventava como se o céu fosse mar, revolto, revolta no dentro de si, um frio, um fogo, uma pedra escalada, e no cume, pássaro e asas, salto e sol, sal também, da lágrima, do lago, do rio que corria antes lento agora sôfrego, com vontades e ondas, Era […]
- Correntes
Do alto, água caindo quente Do mais alto ainda, água despencando inteira: céu de cinza liquefeito feito eu derretendo escorrendo Era verão daquela vez. É verão mais uma vez. Da água o que restou fui eu e a corrente za.
- Fora dos mapas, órbitas e meridianos.
Entre os dedos, o sol o sal o dia. a noite que some entre sonhos desperta no soprar de uma chuva distante. Des per ta Distante. Entra o sol pelos dedos na sombra entre as pernas devora deflora demora essa chuva que molha. A bússola marca hora e meia de corpo inteiro.
- Margens
Sobeja feito corpo cheio até a borda suspensa onda gota água e um pouco de sal. Paredes e muros e portas comportas enferrujadas. Escala pelos joelhos a umidade o musgo o tempo todos os rios que correm para o mar e esquecida de mapas deixa-se navegar.